Com ‘Ollem’, companhia de balé de Emília Clark realiza décimo-sétimo espetáculo memoralista

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Coreógrafa já havia homenageado outros alagoanos ilustres, como Djavan, Lêdo Ivo e Eva Le Campion; nova produção que estreia quinta-feira (14) remete ao historiador Jayme de Altavila
 
Da redação do Alagoas BorealEm Maceió, a companhia de balé Maria Emília Clark estreia o espetáculo “Ollen” na quinta-feira (14), às 19h30, no teatro Deodoro. De acordo com a bailarina e coreógrafa Emília Clark, trata-se do décima-sétima coreografia que destaca uma personalidade da cultura alagoana. Dessa vez, o homenageado foi o historiador, poeta e dramaturgo Jayme de Altavila (Maceió, 1895-1970).

“Esse espetáculo faz parte de uma trilogia que homenageia o bicentenário de Alagoas”, afirma a bailarina referindo-se aos 200 anos (1817-1917) da formação do Estado de Alagoas. “Jayme de Altavila é uma referência importante da nossa cultura. Foi jornalista e poeta, historiador, músico. Ele escrevia para o jornal ‘O Guarany’, que ficava no bairro do Poço. Para retratá-lo, optamos pela poética. Mas com a poesia, descobri o homem – traçando, então, uma trajetória de vida. O roteiro foi poético, mas a vida dele está ali junto.”

Arquivo
O jovem Jayme de Altavila

Tendo dirigido o Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas (o Ighal), de 1959 até o ano em que morreu em 1970, Jayme de Altavila deixou um legado de inestimável valor, sendo o próprio acervo (riquíssimo) do Instituto Histórico um deles. Também é responsável (como um dos fundadores) pela criação da Faculdade de Direito, em julho de 1931. Para além da academia, como bom torcedor do futebol alagoano, escreveu a letra do atual hino do Clube de Regatas Brasil (o CRB).

“O Instituto Histórico abriu as portas para que eu fizesse a pesquisa”, destaca Emília, revelando ter conseguido um áudio com Jayme de Altavila declamando cinco poesias dele, juntamente com outras pessoas. “Além da voz de Altavila, tem ainda as de Lauro Barros Filho, Lúcia Cavalcante, Nancy Márcia Lira e Neila Cavalcante.”

Esse pequeno tesouro foi anexado à trilha do espetáculo (“a melhor que eu já produzi”, empolga-se a bailarina), que inclui John Adams, Michael Nyma e Phillipe Glass.

“É uma montagem leve, mas reflexiva – tem uma crítica elegante a essa nossa falta de memória, de não reconhecer nossos mestres. Jayme de Altavila conta a História de Alagoas com a sua poética. Ele constrói uma identidade alagoana.”

No palco, 12 bailarinos além da própria coreógrafa, que assina a direção. “Estou com 48 anos, vivenciando essa minha fase madura, com movimentos precisos, que foram bem trabalhados durante todos esses anos.”

Os cenários são do marido da artista, o médico e produtor cultural Fernando Gomes. O espetáculo conta com parceiros constantes nos trabalhos realizados pela companhia, como Aldo Gomes (iluminação) e Dinho Oliveira (trilha sonora, juntamente com Emília). A produção é da própria coreógrafa, com apoio da Divisão de Teatros de Alagoas (a Diteal). Esse décimo-sétimo espetáculo “memorialista” de Emília Clark, em 17 anos à frente da companhia, tem um orçamento “aproximado” de R$ 15 mil.

“Eu reaproveitei muita coisa que guardo de outros espetáculos. Fizemos a reforma desse material e usamos a criatividade. De outro modo, esse valor subiria para, pelo menos, R$ 20 mil. Não usei o vídeo que costumamos utilizar nesse tipo de espetáculo por contenção de despesas mesmo. Não teremos imagens de Jayme de Altavila no palco, mas, e isso é muito bacana, a voz dele estará presente.”

Em tempo: o nome “Ollem’ remete ao sobrenome do historiador (batizado Amphilóphlilo de Oliveira Mello) – é o Mello escrito de trás para frente.


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