Consumidor profissional: as atitudes de quem sabe o que precisa comprar

Quando nos deparamos com um bom vendedor, daqueles que vendem casa pegando fogo e gelo para esquimó, logo o identificamos como um bom profissional, certo? Afinal, ele cumpre sua função com excelência. Porém, raramente pensamos em um consumidor profissional, que é aquela pessoa que adota atitudes que garantem um consumo maior com a mesma quantidade de recursos ― e consegue até mesmo economizar em algumas ocasiões.

Mas é importante que fique claro que não estamos falando de uma pessoa mesquinha e avarenta, que compra sempre o mais barato sem olhar a qualidade ou deixa de comprar mesmo que seja algo necessário. O consumidor profissional é inteligente, tem suas finanças organizadas e não deixa de adquirir produtos e serviços de qualidade no seu dia a dia.

Ficou curioso pra saber como é ser um consumidor inteligente? Então siga com a gente, pois no artigo de hoje da nossa série sobre educação financeira, vamos mostrar como deve se comportar um consumidor profissional para não cair na lábia dos vendedores e também quais são as estratégias usadas pelo comércio para tentar conquistar os clientes.

Como o comércio se prepara para conquistar você

Vamos começar mostrando as estratégia que o comércio usa para conquistar os clientes, fazendo com que eles gastem, muitas vezes, o que não tem para adquirir determinado produto. Depois, explicamos como reverter a situação para não se deixar levar por um papinho bonito e “oportunidades imperdíveis que você só vai ter hoje”.

No geral, os vendedores recebem treinamento para se tornarem vendedores profissionais. As entidades de classe, os sindicatos, os grandes varejistas, entre outros, fornecem uma grande variedade de cursos com o objetivo de fazer com que sua força de vendas seja a melhor possível e consiga não só atingir, mas ultrapassar as metas estabelecidas.

E não estamos falando somente das regras gerais, de como atender com educação e responder a todas as dúvidas do consumidor. Há empresas que partem para estudos psicossociais, buscando entender o comportando das pessoas, ler suas expressões e despertar gatilhos de compra. É quase uma guerra psicológica (rsrs).

Se você costuma entrar nas lojas só para dar aquela olhada, já deve ter se deparado com vendedores que gostam de conversar, fazem várias perguntas sobre os seus hábitos e até questionam sobre seus problemas. Dessa forma, eles conseguem traçar um pequeno perfil e oferecer muitos produtos do que apenas aquele que você está procurando. Então, quando sentir que o vendedor está “querendo te conhecer melhor”, o ideal é desconversar e sair logo da loja, caso contrário pode sair dela com uma batedeira debaixo do braço sem nem mesmo saber fazer um bolo.

Só que não para por aí. Além de contar com profissionais treinados, o comércio ainda usa outras estratégias que visam despertar no consumidor a vontade de comprar. Aqui, vamos destacar algumas táticas usadas pelas lojas do comércio em geral (roupas, calçados, eletrodomésticos e eletrônicos, por exemplo) e pelos supermercados.

Estratégias usadas pelas lojas

Confira algumas técnicas de vendas usadas pelas lojas para atrair a atenção dos compradores:

  • Cartazes com cores chamativas e letras diferentes: Dificilmente você vai ver um anúncio em uma folha A3 preta e branca. Os cartazes das lojas são sempre coloridos e com letras de tamanhos diferentes, dando destaque ao que mais interessa ao lojista. Um bom exemplo é um relação ao preço dos produtos. Normalmente, ganha destaque o valor da parcela, ficando o valor total em tamanho menor.
  • Valor dividido em pequenas unidades de tempo: Muitos lojistas têm a prática de dividir o valor a ser pago em unidades menores de tempo. No lugar de dizer 6 x R$ R$ 89,70, anunciam por apenas R$ 2,99 por dia. Isso dá a falsa impressão de que o produto custa bem menos do que na realidade.
  • Apelo emocional: Tanto os vendedores quanto os cartazes com as ofertas anunciam sempre uma oportunidade imperdível, uma promoção que você não pode perder e até o famoso compre hoje e comece a pagar em 90 dias. Essa é uma forma de apelar para as emoções do consumidor, fazendo-o acreditar que é o melhor negócio que ele poderia fazer na vida.
  • Usar preços que terminam em 99: Ao usar valores assim, as lojas estão apelando para o impacto psicológico que isso causa. Normalmente, quando anunciam preços de R$ 499,00 ou R$ 489,99, o consumidor costuma olhar mais para o 4 do que para o restante do número, dando a impressão de ser um preço menor. É quase como uma pegadinha.

Em relação às lojas, lembre-se também das estratégias usadas pelos shoppings para atrair os compradores. Se você reparar bem, os corredores são mais escuros que as lojas, pois dessa forma elas ganham destaque. Outro ponto são os objetos colocados nos corredores, como bancos, poltronas e arranjos de plantas, que são usados para empurrar as pessoas para perto das vitrines.

Os shoppings também usam a posição dos estabelecimentos como estratégia. Geralmente as lojas-âncora estão em pontos que exigem a circulação das pessoas por toda a planta, assim como as áreas de lazer e os pontos de alimentação. Tudo é distribuído para incentivar o consumo, mesmo de quem não foi para comprar.

Técnicas usadas por supermercados

Os supermercados usam várias estratégias que podem influenciar um consumo não planejado. Começa no ambiente geral, que normalmente é agradável, não sendo nem frio, nem calor. Há muitos estabelecimentos que prezam ainda pela limpeza e organização dos corredores e prateleiras, transformando o ato de fazer compras quase em um passeio.

Mas não se engane, tudo isso é para fazer você gastar mais. Confira outras técnicas que identificamos para ajudar você a não cair nas armadilhas do consumo:

  • Colocar a padaria, o açougue e a sessão do hortifruti nos fundos da loja. Como esses são produtos que, normalmente, compramos mais de uma vez ao mês, os supermercadistas fazem os consumidores passarem por outras mercadorias antes de chegarem ao seu objetivo, aguçando vontades e desejos.
  • Usar gôndolas com guloseimas ao lado dos caixas. Você fica ali na fila esperando a sua vez, daí tem um monte de chocolates, salgadinhos, barrinha de cereais, chicletes e, de repente, dá aquela vontade de mastigar algo. Incrível, não é mesmo?
  • Organizar os produtos de modo que os mais caros ou das marcas mais famosas fiquem ao alcance dos olhos e das mãos dos clientes. E isso vale tanto para adultos quanto para crianças.
  • A inexistência de relógios dentro do supermercado. Isso faz com que as pessoas percam um pouco a noção do tempo e fiquem passeando pelos corredores.
  • Colocar produtos que são usados na mesma preparação juntos, como macarrão, molho de tomate e queijo ralado no mesmo espaço ou o carvão, o pão de alho e a cerveja perto do açougue.
  • Oferecer a degustação de produtos durante o período de compras.
  • Fazer promoção de mercadorias data de validade próxima do vencimento. Muitas vezes, para não ficar no prejuízo, é cobrado o valor de custo do produto, o que vamos ver que pode ser vantajoso, mas exige cuidados.

Você viu que não é fácil ser um comprador controlado com todas as estratégias e práticas usadas pelo comércio. Mas também não é impossível. Já vimos aqui no blog a importância de usar o dinheiro de forma de forma inteligente, e planejar o consumo faz parte disso. Por isso, aqui separamos algumas atitudes que você pode adotar para garantir que conseguirá consumir mais com a mesma quantidade de recursos.

Vamos começar pelo comportamento que pode ser adotado no comércio:

  • Pesquise preços. Isso vale, principalmente, quando o valor do que você quer comprar é alto. Se for possível, olhe os valores nas lojas físicas e nos e-commerces, pois muitas vezes vale a pena esperar mais um pouco para conseguir um desconto ou condições de pagamento melhores.
  • Não se envergonhe de pechinchar. As lojas sempre têm margem para negociar, por isso, não se deixe abater pelo primeiro não. E se for o caso, lance mão do: “ah, mas na outra loja me deram um desconto de tantos por cento”. Só não vale mentir nem ser mal educado, claro! Acontece que os vendedores conhecem colegas de outra lojas e podem identificar a mentira, prejudicando a negociação.
  • Sempre que possível, pague em dinheiro. Geralmente, pagamento à vista pode render algum abatimento. Aliás, perguntar qual será o preço à vista ou a prazo deve fazer parte da negociação, assim como as condições para pagamento no cartão de crédito ou no carnê da loja.
  • Nunca olhe somente para o preço da parcela. Fique atento sempre para o valor total do produto. E quando for falar com algum vendedor e ele começar a fazer contas, preste bastante atenção. Se os números não ficarem claros para você, peça para ele escrever e faça uma conferência própria dos valores.
  • Jogue o mesmo jogo psicológico que os vendedores. Quando um deles vier com conversinha para o seu lado, demonstre desinteresse, mesmo que você esteja decidido a comprar um produto. Dessa forma, você pode conseguir uma negociação melhor.

Agora, vamos ver algumas atitudes que você pode pôr em prática ao ir às compras no supermercado:

  • Faça sempre uma lista de compras, incluindo nela tudo o que você precisa comprar, até mesmo aqueles docinhos que servem como agrados nos dias mais difíceis. Se possível, coloque os preços que você costuma pagar ― podem ser os valores da última compra.
  • Dê preferência por fazer a compra do mês, assim, você evita ir mais vezes ao mercado e escapa de algumas ciladas. Você sai do trabalho, enfrenta um trânsito pesado e tem que passar no mercado para comprar café e papel higiênico. São quase sete horas da noite e você está morrendo de fome. Pronto, a situação perfeita para passar na padaria, comprar um salgadinho ou um docinho para chegar em casa, certo? Evite isso ao máximo.
  • Nunca vá de barriga vazia ao mercado. Pesquisas mostram que quem faz compras com fome acaba cedendo mais aos impulsos de gastar sem limites.
  • O ideal é não levar crianças aos supermercado. Se não tiver escolha, combine com elas previamente o que poderão comprar. Essa é uma boa oportunidade de conversar com os filhos sobre finanças e mostrar o valor do dinheiro para eles. No final das compras, se eles se comportarem, você pode até dar uma recompensa, mostrando que valeu a pena de comportar e cumprir com o combinado.
  • Se for possível, faça pesquisa de preços. Hoje, a maioria dos supermercados oferecem encartes com preços e promoções (alguns podem até ser encontrados on-line), facilitando a comparação entre os estabelecimentos. Veja qual é o melhor custo-benefício e aproveite.
  • Fique atento às promoções. Não se deixe levar por um “imperdível” no cartaz do mercado. Sempre que tiver uma oferta de combos ou de pacotes maiores por um preço menor, faça o seu próprio cálculo. Há inúmeros casos de estabelecimentos que colocam, por exemplo, seis itens em uma embalagem por um total de R$ 9,36 (R$ 1,56 cada), indicando que é o melhor preço. Só que o valor do produto individual é R$ 1,42. Não faz sentido levar o combo, certo?
  • Ainda sobre promoções, sempre desconfie daquelas que envolvem produtos perecíveis, pois, normalmente, um preço menor está diretamente ligado à data de validade. Isso impede você de comprar? Não, desde que você tenha certeza que vai consumir a mercadoria antes de ela vencer. Aliás, conferir a data de validade deve fazer parte da rotina das compras, pois ninguém quer comprar alguma coisa para depois jogá-la fora, não é mesmo?
  • Outra forma de verificar o valor real dos produtos é analisar as indicações dos preços por quilo e unidade. Hoje, os estabelecimento são obrigados a colocar esses valores. Com isso, você pode descobrir, por exemplo, que dois pacotes de bolacha que parecem iguais e têm preços iguais, na verdade têm pesos diferentes, o que acaba deixando um mais caro que o outro.
  • Não tenha medo experimentar novas marcas e produtos. Somos condicionados, principalmente pela força do marketing, a sempre acreditar em marcas tradicionais e que estão gravadas em nossas mentes. Porém, há uma infinidade de produtos no mercado. Compre uma unidade e experimente. Se não gostar, basta não comprar mais.
  • Opte sempre pelos produtos da estação na hora de comprar frutas, verduras e legumes. Além de serem mais baratos, normalmente estão em melhor estado de conservação.
  • Evite comprar os produtos que estão em destaque nas pontas de gôndola (na ponta dos corredores). Normalmente são produtos em promoção, mas não são necessariamente os mais baratos. Prefira ir até a seção daquela mercadoria e, lá, comparar marcas e preços para decidir qual comprar.
  • E por fim, acompanhe com atenção o registro dos produtos no caixa. Erros podem acontecer, é normal, mas se você conseguir identificá-lo, pode pedir a correção antes de finalizar a compra.

Bom, no texto de hoje, apresentamos as estratégias usadas pelas lojas e supermercados para conquistar os compradores e também atitudes que podem ser tomadas para que você possa se tornar um consumidor profissional. Não estamos falando para você se tornar um chato e criar caso com tudo, não é isso!

O que queremos é que desenvolva bons hábitos de consumo e deixe de gastar com aquilo que não é necessário, que não vai agregar nada ao seu dia a dia. Se ainda é difícil ter todo esse controle sobre suas finanças, fique tranquilo! Temos um material que pode ajudá-lo a organizar sua vida financeira, inclusive com dicas sobre como ser um consumidor consciente. Para baixá-lo, é só clicar na imagem:


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