Igor Angelkorte estreia como diretor e reclama da falta de investimento no cinema brasileiro

A arte como ferramenta de educação e transformação. É mirando nisso que o filme “Fernando”, com estreia nesta quinta-feira (28), conta a história do ator e professor de teatro Fernando Bohrer.

Dirigido pelo estreante Igor Angelkorte, ator em produções da TV Globo como “O outro lado do paraíso e “Justiça”, o longa é, segundo ele, fonte de inspiração da vida do professor de teatro que virou amigo.

“O Fernando por onde passa é vaga-lume, a história dele, a maneira como vive, é como um lembrete mesmo. Porque, de fato, cada vez que eu vejo o filme eu ganho coragem e vitalidade para seguir”, conta Igor. Ele divide a direção com Julia Ariani e Paula Vilela.

“Existem cada vez menos investimentos, há um ataque direto e o sucateamento planejado da cultura e educação, e as salas de exibição estão lotadas de filmes blockbuster de um único país do mundo, os Estados Unidos. Então, sobra raro espaço para que o cinema brasileiro se desenvolva com pujança e encontre seu público.”

Além de sua empreitada como diretor, Angelkorte já atuou como protagonista na novela “Além do horizonte” e também em outras produções da Globo, como “Babilônia”. Igor também namorou Camila Pitanga de 2015 a 2018.

Da ex-namorada, que confirmou recentemente o namoro com a artesã Beatriz Coelho, Igor carrega boas lembranças do relacionamento. “A nossa interação é ótima, tranquila, nos falamos quando podemos e temos uma relação bem maneira e coerente com nossa história e amizade.”

 – Como surgiu a ideia de fazer o filme?

Igor Angelkorte – A Paula Vilela, também diretora e roteirista, convidou eu e Julia Ariani para fazermos o filme. Fomos alunos do Fernando muitos anos atrás, e ele é realmente essa pessoa que ilumina quem está por perto.

Queríamos falar dessa figura do professor e do artista – que tem estado à margem do reconhecimento social de suas funções. Então, criamos um roteiro que convida o público a desenvolver empatia por essas pessoas, através do registro da vida de um trabalhador da educação e da cultura. Por isso, sentimos que o filme está cada vez mais atual.

 – É uma sensação diferente estar do outro lado da produção?

Igor Angelkorte – Gosto de dirigir e escrever há alguns anos. Tinha trabalhado assim no teatro, mas num longa-metragem é minha primeira vez. Penso que o trabalho nesse filme é o mais importante e íntimo da minha vida. Acho louco, porque não mudaria nada no filme.

 – O que de mais surpreendente você descobriu ao participar como diretor em um filme?

Igor Angelkorte – Que a beleza da criação pode estar em não querer controlar os acontecimentos. Inventamos um filme muito aberto, improvisado como uma vivência ou ensaio de teatro, e então filmamos esses acontecimentos.

Me surpreendeu mesmo a força do acaso, quando você acolhe e enxerga ele. E enquanto diretor é possível propor essa abertura ao desconhecido como ferramenta e tom de trabalho. Quando isso acontece não existe erro. Tudo é acontecimento.

 – O que é o filme e o que ele representa para você?

Igor Angelkorte – O filme para a gente é um levante. Como diz a Julia Ariani, o Fernando por onde passa é vaga-lume, a história dele, a maneira como vive, é como um lembrete mesmo. Porque, de fato, cada vez que eu vejo o filme eu ganho coragem e vitalidade para seguir.

Me alimento das escolhas que ele fez ao longo da vida, rompendo com estruturas, expectativas, e sempre indo atrás do que acreditava. O Fernando para mim é signo de uma educação libertária, Paulo Freireana, que estimula a criatividade e autonomia.

 – Agora que você experimentou a oportunidade de poder dirigir um filme, já surgem novas ideias para repetir a empreitada?

Igor Angelkorte – Sim, tenho inúmeros projetos rodando minha cabeça! E tenho muito prazer de poder participar do debate criativo na sua máxima complexidade. Porque, às vezes, enquanto ator, você não pode participar de debates mais abrangentes que a sua cena específica.

E eu gosto de pensar coletivamente sobre tudo, então, dirigir dá prazer porque te faz ser ouvido e te convida a ouvir. Se aprende muito na relação com outras pessoas. Se fala de figurino, luz, enquadramento, cenário, texto, tudo. Tenho o projeto de uma peça que fiz e quero fazer um longa dela. Desejo agora captar recursos para realizar.

 – Como é para você estrear um filme em um momento tão delicado para o cinema nacional?

Igor Angelkorte – Primeiro reconhecer que é um acaso, e uma sorte, porque existem muitos outros filmes nacionais maravilhosos que não conseguem chegar aos cinemas. Isso porque existem cada vez menos investimentos, há um ataque direto e o sucateamento planejado da cultura e educação.

As salas de exibição estão lotadas de filmes blockbuster de um único país do mundo, os Estados Unidos. Então, sobra raro espaço para que o cinema brasileiro se desenvolva com pujança e encontre seu público.

 – O nome da Camila Pitanga esteve entre os mais citados nas redes sociais, por ela ter falado de um novo relacionamento com uma mulher. Por que você acha que uma notícia como essa gera tanta comoção e interesse nas pessoas?

Igor Angelkorte – Imagino que gere assunto por ser uma ação de liberdade. E gosto de pensar que isso é inspirador para muita gente. Se você está agora amando alguém do mesmo sexo que você, melhor seria podermos falar disso do mesmo modo que se fosse um encontro heterossexual.

 – Como que é a sua relação com a Camila hoje?

Igor Angelkorte – A nossa interação é ótima, tranquila, nos falamos quando podemos e temos uma relação bem maneira e coerente com nossa história e amizade.


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