Geddel admite conversas sobre prédio embargado, mas sem ‘pressão’

Ex-ministro da Cultura diz ter sido pressionado por Geddel para liberar obra.
Chefe da Secretaria de Governo confirmou ser dono de imóvel em edifício.

O ministro Gerddel Vieira Lima, titular da Secretaria de Governo, admitiu neste sábado (19), em entrevista à Rede Bahia, afiliada da TV Globo, que conversou com o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero sobre obras embargadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) de um prédio no qual é dono de um imóvel em Salvador.

Geddel negou, contudo, ter pressionado o ex-colega de governo para liberar a construção do empreendimento.

Em conversa com jornalistas na tarde deste sábado, Calero reafirmou ter sofrido pressão de Geddel para interferir no Iphan com a finalidade de desfazer o embargo à obra em área tombada na capital baiana.

As declarações já haviam sido publicadas pelo jornal “Folha de S. Paulo” na edição deste sábado. Segundo Calero, a pressão de Geddel foi o principal motivo que o levou a pedir demissão do Ministério da Cultura nesta sexta-feira (18).

Na entrevista à Rede Bahia, Geddel disse que somente fez “ponderações” sobre o embargo ao empreendimento imobiliário.

Em nenhum momento foi feita pressão para que ele tomasse posição. Foram feitas ponderações. Mas ao fim, ao cabo, as ponderações não prevaleceram, prevaleceu a posição que ele defendia apesar de eu considerar equivocada”
Geddel Vieira Lima
secretário-geral do governo

“Primeiro, [tenho que] lamentar. Sempre tive com o ministro Calero, uma figura muito doce, uma relação tranquila e amena. Segundo, repelir. Em nenhum momento foi feita pressão para que ele tomasse posição. Foram feitas ponderações. Mas ao fim, ao cabo, as ponderações não prevaleceram, prevaleceu a posição que ele defendia apesar de eu considerar equivocada, o que torna ainda mais surpreendente o pedido de demissão e essa manifestação”, declarou.

O ministro afirmou ainda que não entendeu a atitude de Calero de acusá-lo de ter feito pressão para liberar uma obra da iniciativa privada.

Após a entrevista de Calero no Rio, Geddel voltou a dizer, em entrevista por telefone ao G1, não ter entendido o motivo das declarações.

“Eu não vou entrar em agressão pessoal contra o ex-ministro. Não sei qual é a razão para ele estar agindo assim” disse Geddel, acrescentando que ainda que pretende acionar os seus advogados para tratar das declarações feitas pelo ex-ministro.

Sem ‘medo de grampo’
Mais cedo, à Rede Bahia, Geddel também disse que conversou com Calero com tranquilidade e transparência e sem medo de estar sendo grampeado.

“Conversei por telefone [com Calero] com a tranquilidade de quem não tem medo de grampo, de fiscalização, porque o que eu converso por telefone, eu posso conversar publicamente”, ironizou Geddel, referindo-se ao fato de, na entrevista à “Folha”, o agora ex-ministro da Cultura ter dito que teve receio de que o colega da Secretaria de Governo estivesse com o telefone grampeado.

Ele disse que tratou com Calero sobre o empreendimento da capital baiana com “absoluta transparência”. Geddel ressaltou que apenas mostrou ao agora ex-colega que a judicialização da licença “gera desemprego” e “cria instabilidade” para quem comprou apartamentos no empreendimento imobiliário.

“Evidentemente, eu tenho a mesma posição que outros que também adquiriram um imóvel nesse empreendimento que, ao invés de tirar, dá legitimidade para conhecer o tema e poder levar preocupações legítimas, transparentes, à apreciação  do ministro da área.”

Fonte: G1


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