Presença de militares no Rio dá conforto aos vulneráveis, diz Temer

O presidente Michel Temer disse nesta quarta-feira (21) que a presença de militares nas ruas do Rio de Janeiro já é, por si só, um “conforto” para a população.

“A simples presença do interventor e das Forças Armadas, das forças federais no Rio de Janeiro primeiro causa um impacto no banditismo. É claro que ele reage. Ele reage. Mas causa impacto no banditismo e dá, de alguma maneira, conforto para aqueles mais vulneráveis, disse o presidente durante abertura da reunião do conselhão, como é conhecido o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social.

A fala do emedebista ocorre num momento em que a intervenção na segurança pública do Rio é colocada em xeque devido ao assassinato da vereadora Marielle Franco, fato que ficou fora de seu discurso.

Ele defendeu a necessidade da ação, dizendo que o Rio “seria um péssimo exemplo para todos os estados brasileiros”. “Seria naturalmente um incentivo para as organizações criminosas.”
Temer anunciou ainda que viajará ao Rio na noite desta quarta para uma reunião com o interventor general Braga Netto. Ele disse que vai ao estado fluminense já com uma verba de R$ 1 bilhão ajustada.

Na última sexta (16), quando a intervenção completou um mês, o presidente cancelou uma viagem que estava programa para domingo (18) devido à grande repercussão do caso Marielle. A visita ao Rio será apenas em um encontro a portas fechadas no Centro Integrado de Controle.

O emedebista minimizou as declarações feitas essa semana por Braga Netto, de que eram necessários ao menos R$ 3,1 bilhões para cobrir os gastos com segurança pública no estado. Ele disse que o interventor voltou atrás e esclareceu que ele estava se referindo também a gastos que não podem ser cobertos pelo governo federal, como salários atrasados.

Temer não negou a possibilidade de que a União faça novos aportes à intervenção no Rio. “Se necessário, alocaremos outras verbas”.

O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, disse que a medida provisória que prevê a aplicação de recursos deve sair “nos próximos dias”.

Jungmann também defendeu a intervenção. “Os resultados que vínhamos tendo pela GLO (Garantia da Lei e da Ordem) não era suficientes”, disse.

Crise O Rio de Janeiro passa por uma grave crise política e econômica, com reflexos diretos na segurança pública. Desde junho de 2016, o estado está em situação de calamidade pública e conta com o auxílio das Forças Armadas desde setembro do ano passado.

Não há recursos para pagar servidores e para contratar PMs aprovados em concurso. Policiais trabalham com armamento obsoleto e sem combustível para o carro das corporações. Faltam equipamentos como coletes e munição.

A falta de estrutura atinge em cheio o moral da tropa policial e torna os agentes vítimas da criminalidade. Somente neste ano, 27 PMs foram assassinados no estado -foram 134 em 2017.

Policiais, porém, também estão matando mais. Após uma queda de 2007 a 2013, o número de homicídios decorrentes de oposição à intervenção policial está de volta a patamares anteriores à gestão de José Mariano Beltrame na Secretaria de Segurança (2007-2016). Em 2017, 1.124 pessoas foram mortas pela polícia.

Em meio à crise, a política de Unidades de Polícia Pacificadora ruiu -estudo da PM cita 13 confrontos em áreas com UPP em 2011, contra 1.555 em 2016. Nesse vácuo, o número de confrontos entre grupos criminosos aumentou.

Com a escalada nos índices de violência, o presidente Michel Temer (MDB) decretou a intervenção federal na segurança pública do estado, medida que conta com o apoio do governador Luiz Fernando Pezão, também do MDB.

Temer nomeou como interventor o general do Exército Walter Braga Netto. Ele, na prática, é o chefe das forças de segurança do estado, como se acumulasse a Secretaria da Segurança Pública e a de Administração Penitenciária, com PM, Civil, bombeiros e agentes carcerários sob o seu comando. Braga Netto trabalha agora em um plano de ação.

Apesar da escalada de violência no Rio, que atingiu uma taxa de mortes violentas de 40 por 100 mil habitantes no ano passado, há outros estados com patamares ainda piores.

No Atlas da Violência 2017, com dados até 2015, Rio tinha taxa de 30,6 homicídios para cada 100 mil habitantes, contra 58,1 de Sergipe, 52,3 de Alagoas e 46,7 do Ceará, por exemplo.

Fonte: Folhapress

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