200 mil imóveis da Grande SP seguem sem energia nesta terça, quatro dias após o temporal

Enel prevê que trabalhos sejam concluídos até o final do dia. Na segunda (6), MP informou que vai abrir uma investigação para apurar se houve omissão da concessionária no restabelecimento de energia.

 

Caminhão da Enel em rua sem energia em SP — Foto: ALOISIO MAURICIO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

A Enel afirmou, na manhã desta terça-feira (7), que 200 mil imóveis da Grande São Paulo seguem sem energia, quatro dias após o temporal que atingiu a região.

Segundo a empresa, a energia foi reestabelecida para mais de 90% dos clientes que tiveram o fornecimento impactado após o vendaval da última sexta-feira.

Até o momento, cerca de 1,9 milhão de clientes tiveram o serviço normalizado, de um total de 2,1 milhões. A previsão é a de que os trabalhos seja concluídos até a noite desta terça.

A reportagem da TV Globo flagrou diversos caminhões da Enel parados nos pátios da empresa nesta manhã. Questionada, a concessionária ainda não se manifestou sobre o assunto.

Caminhões da Enel parados em pátio da empresa na manhã desta terça — Foto: Reprodução/TV Globo

Caminhões da Enel parados em pátio da empresa na manhã desta terça — Foto: Reprodução/TV Globo

Escolas e Unidade de Saúde sem luz

A falta de energia afeta o funcionamento de escolas municipais e estaduais, além de unidades de saúde.

Na Zona Leste, pais se depararam novamente com os portões fechados da Escola Estadual Alcides Boscolo.

O aviso seguia o mesmo: estamos água e sem luz.

Falta de energia e água na Escola Estadual Alcides Boscolo, no bairro do Jardim Santo André, na região de São Mateus, na Zona Leste de São Paulo, nesta terça-feira — Foto: EDI SOUSA/ATO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Falta de energia e água na Escola Estadual Alcides Boscolo, no bairro do Jardim Santo André, na região de São Mateus, na Zona Leste de São Paulo, nesta terça-feira — Foto: EDI SOUSA/ATO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

O mesmo problema ocorre na UBS/AMA, também no Jardim Santo André, na região de São Mateus, na, que está sem energia elétrica desde a última sexta-feira (3).

g1 pediu um balanço atualizado tanto para a prefeitura quanto para o governo do estado sobre o número de escolas e postos de saúde atingidos, mas ainda não recebeu retorno.

UBS/AMA no bairro do Jardim Santo André, na região de São Mateus, na Zona Leste de São Paulo, que está sem energia elétrica desde a última sexta-feira — Foto: EDI SOUSA/ATO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

UBS/AMA no bairro do Jardim Santo André, na região de São Mateus, na Zona Leste de São Paulo, que está sem energia elétrica desde a última sexta-feira — Foto: EDI SOUSA/ATO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Cobranças e investigação

Nesta segunda-feira (6), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) se reuniu com o governador, Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) para cobrar explicações sobre os problemas no fornecimento de energia.

Árvore caída em meio a fios após tempestade que atingiu São Paulo — Foto: RENATO S. CERQUEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Árvore caída em meio a fios após tempestade que atingiu São Paulo — Foto: RENATO S. CERQUEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) vai abrir, ainda nessa semana, uma investigação para apurar se houve omissão da concessionária Enel no restabelecimento de energia para os consumidores da Região Metropolitana de São Paulo.

A Defensoria Pública de São Paulo também enviou um ofício à Enel, nesta segunda-feira (6), pedindo esclarecimentos sobre interrupção de energia elétrica na capital.

70 horas sem energia

Na Lapa, na Zona Oeste da capital, moradores ficaram sem energia por pelo menos cerca de 70 horas. O ator Fernando Benichio já perdeu todos os alimentos que estavam na geladeira e está tendo que esquentar água para conseguir tomar banho.

Em entrevista ao Bom Dia SP, o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), responsabilizou a Enel pela demora na resolução do problema.

“Estamos aqui com todo o esforço, ampliamos as equipes, estamos com a Defesa Civil, pessoal das subprefeituras para poder trazer a cidade de volta o quanto antes. Mas em muitas situações, a gente depende que a Enel faça o seu trabalho de desligamento para poder remover as árvores e reestabelecer a energia. Situação bastante difícil”.

Ele defendeu que a gestão municipal realiza podas constantes, mas que a cidade foi atingida por rajadas de vento suspostamente inesperadas.

Queda de árvore atinge muro de escola na Zona Leste de SP — Foto: Arquivo Pessoal

Queda de árvore atinge muro de escola na Zona Leste de SP — Foto: Arquivo Pessoal

De acordo com Nunes, este ano, 10 mil árvores foram removidas por risco de queda. “É um número bastante considerável”, acredita.

Das sete pessoas que morreram em decorrência das fortes chuvas, ao menos quatro foram atingidas pela queda de árvores.

Especialistas ouvidos pelo g1 apontam uma série de problemas de responsabilidade da gestão municipal: falta de manutenção, planejamento, além de árvores plantadas de forma irregular e podas malfeitas.

Ricardo Nunes afirmou que as chuvas de sexta atingiram até “árvores saudáveis” e disse que pedirá à Enel, em reunião agendada na tarde desta segunda, no Palácio dos Bandeirantes, um plano de contingência para evitar desastres por conta de mudanças climáticas. “A prefeitura está se preparando, eu preciso que a Enel também se prepare”, defendeu.

Enterramento de fios

Em 2018, a gestão municipal anunciou um programa que previa enterrar mais de 75 km de fios em toda a capital até o final de 2024. A implementação, entretanto, pouco avançou nos últimos anos.

Nunes disse que a prefeitura não pode cobrar tal medida da Enel e demais empresas de telecomunicações.

“As concessionarias entraram com uma ação judicial e já foi definido no STF que a prefeitura não pode exigir das concessionárias nenhum tipo de ação em relação ao tema. Elas respondem ao governo federal e à Agência Nacional de Energia Elétrica.”

Ele afirmou que já realizou duas reuniões o presidente da Aneel, com a Enel, e com a presidenta da Agência Nacional de Telecomunicação, para encontrar formas de acelerar os processos de enterramentos – mas nada saiu do plano das ideias.

“A gente já fez alguns enterramentos, hoje temos algumas vias em processo de enterramento, como Alameda Santos e várias na região central, mas é necessário um plano nessa questão.”


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