INCERTEZAS E FRUSTRAÇÕES PARALISAM INVESTIDORES, QUE JÁ CRITICAM ESTRATÉGIA ECONÔMICA DO GOVERNO

Em evento no Rio, Paulo Guedes garantiu aprovação da reforma da Previdência e disse que revisão do PIB não preocupa

O ministro da Economia, Paulo Guedes Foto: Daniel Marenco / Agência O Globo

O ministro da Economia, Paulo Guedes

O empresariado brasileiro está dividido: enquanto alguns ainda depositam confiança no governo e na aprovação da reforma da Previdência, boa parte está preocupada com as incertezas causadas pela instabilidade política. Em busca de respostas, investidores de todo o país participaram, nesta sexta-feira 17, do 91o Encontro Nacional da Indústria da Construção, no Rio de Janeiro, para ouvir o ministro da Economia, Paulo Guedes, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães. Saíram um pouco mais esperançosos com as promessas feitas durante os painéis do evento, mas esperam que o diálogo da classe com o governo seja reforçado.

“O país está parado. As reformas da Previdência, tributária e política têm um efeito psicológico. Precisamos dialogar. Essa é a palavra”, disse José William Leal, presidente do Sindicato das Indústrias de Construção Civil de João Pessoa (Sinduscon-JP) e sócio da Conserpa Enger. Entre os empresários há um consenso de que o primeiro passo é a aprovação da reforma da Previdência. Sem essa garantia, afirmam, dificilmente haverá novos investimentos. “Temos projetos na prancheta, mas falta coragem para levar adiante”, contou Patriolino Dias, presidente do Sinduscon-CE e diretor executivo da Dias de Souza e Construções.

O empresariado também cobra estabilidade política e segurança jurídica. As incertezas em relação ao futuro e a frustração com as elevadas expectativas depositadas no início do governo Bolsonaro paralisam a atividade econômica. “Precisamos saber que o país está bem gerido. O mercado imobiliário depende muito do futuro e da continuidade do ambiente”, apelou Dias. Dinheiro não é problema, segundo os empresários, que pedem mais clareza. “Dinheiro não falta. Falta confiança e previsibilidade”, afirmou Rogério Matos, dono da Rotacon, de Brasília.

Parte dessa queda de confiança se deve também à crise fiscal. Donos de construtoras apontam para o alto percentual a que o programa de habitação popular do governo, Minha Casa, Minha Vida corresponde no setor, que está condicionado ao Orçamento. “O clima é de intranquilidade intensa. Não compro terreno, não licencio, não aprovo projeto”, declarou Carlos Henrique Passos, presidente do Sinduscon-BA. Críticas à estratégia do governo de depositar todas as fichas na reforma da Previdência já se manifestam. Para um grupo, as autoridades se equivocam ao vender essa imagem de dependência, em vez de, por exemplo, abrir os mercados. “A iniciativa privada tem capital, mas o governo puxa para baixo, como uma âncora”, disse João Soares, dono da J. Soares Construtora, de Goiás.

Em sua fala, Guedes tranquilizou os presentes quanto à tramitação da reforma no Congresso e garantiu um “desfecho virtuoso”. O ministro também disse não estar preocupado com a revisão do PIB para baixo: “A resultante será construtiva”, afirmou. Alguns empresários até defendem o governo e creditam a queda da atividade econômica aos parlamentares. Mas os números negativos ainda deixam investidores em alerta. “É preocupante. Tenho receio de que está faltando dinheiro. Estou com pagamentos em atraso em minha empresa, porque o governo não honra os contratos”, expôs Soares. “Acreditamos em atitudes concretas, não mais em filosofia apenas”, emendou.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, fez coro ao discurso de Guedes, prevendo que a reforma da Previdência será votada até o início de julho. O deputado assegurou que o resultado será positivo e disse ser essencial pensar, agora, em políticas no curto prazo. “Estamos caminhando para aumento do desemprego, da pobreza, da fome”, alertou. Maia reforçou seu compromisso em ajudar o empresariado e disse esperar um equilíbrio entre os Poderes. “Vamos pensar em conjunto, agilizar o que o governo precisa como marco regulatório”, declarou, completando que isso daria segurança para a retomada dos investimentos e a geração de empregos.


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