PMs acusados de atirar contra turista espanhola na Rocinha passam a madrugada prestando depoimento

Eles afirmam que o carro não respeitou o pedido de parada. O guia do grupo de estrangeiros afirmou que não viu os policiais.

Os dois policiais militares que são acusados de atirar no carro onde estava a turista espanhola morta por um disparo na favela da Rocinha, na Zona Sul do Rio, passaram a madrugada desta terça-feira (24) prestando depoimento na Divisão de Homicídios, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste. Eles afirmam que o carro não respeitou o pedido de parada. O guia do grupo de estrangeiros afirmou que não viu os policiais.
Os depoimentos acabaram por volta das 5h. As armas dos dois foram recolhidas e passarão por uma perícia. O advogado do soldado afirmou que o tenente atirou contra o veículo e acabou matando a espanhola. Eles serão levados para o Batalhão Prisional da PM.
O italiano que estava dirigindo o carro que levava o grupo e os donos da agência de turismo que vendeu os pacotes para os estrangeiros também prestaram depoimentos na Delegacia de Apoio ao Turista (Deat), no Leblon, na Zona Sul. Eles foram ouvidos por 10 horas e, na saída, não quiseram falar com a imprensa.
O corpo da estrangeira foi levado para o Instituto Médico-Legal, no Centro do Rio.
Confronto de versões
A vítima e outros dois espanhóis foram à favela para fazer um passeio turístico, segundo os depoimentos deles realizados na Delegacia Especial de Atendimento ao Turismo (Deat), no Leblon. O motorista, um italiano que mora no Brasil há 4 anos, disse no relato que deixou os turistas na parte alta da favela acompanhados de uma guia turística.
Em seguida, o motorista desceu a comunidade e esperou ser chamado pela guia para buscar os visitantes. Ao ser contatado, foi ao encontro do grupo e, no caminho, chegou a ser abordado por PMs, que o liberaram ao checar que não havia nada de errado com o veículo.
Depois que os turistas embarcaram no veículo, no Largo dos Boiadeiros, o profissional relatou que ele e os passageiros ouviram disparos. Assustado, ele acelerou o carro e, então, a turista foi baleada.
Turista espanhola foi morta na Rocinha, na Zona Sul do Rio (Foto: Reprodução) Turista espanhola foi morta na Rocinha, na Zona Sul do Rio (Foto: Reprodução)
Turista espanhola foi morta na Rocinha, na Zona Sul do Rio (Foto: Reprodução)
Na versão dos militares, os PMs desconfiaram que o veículo poderia estar transportando bandidos da comunidade já que havia subido vazio.
A delegada titular da Deat, Valéria Aragão, disse que os depoentes sabiam que estavam numa favela, mas acreditaram que, por ser pacificada, estariam seguros na Rocinha. Segundo a delegada, o grupo relatou até se sentir mais seguro por encontrar policiais patrulhando as ruas da comunidade.
“Eles sabiam que era uma comunidade, mas desconheciam que era uma área conflagrada. Eles entendiam que seria um cenário, um território tranquilo para eles vasculharem. Eles viram PMs circulando e por isso se sentiram mais seguros. Quando era, na verdade, exatamente o contrário”, disse.
Delegada faz alerta
A delegada também fez um alerta sobre passeios turísticos no Rio e pediu cautela aos visitantes da cidade. De acordo com ela, será feito um estudo jurídico para determinar se será possível responsabilizar a empresa de turismo pelo ocorrido na Rocinha.
“O que não pode deixar de ser comentado, e é até um discurso da Polícia Civil há muito tempo, que é preciso ter cautela com os serviços distribuídos, sempre informar para que o turista faça a sua escolha. É uma questão de humanidade”, ressaltou a delegada.
Ainda que a Rocinha seja considerada uma comunidade pacificada, a delegada lembrou que muitas dessas favelas estão “fora de controle”. “As comunidades são pacificadas, mas nós sabemos que as comunidades pacificadas nunca estão sob controle”, destacou.

Fonte: G1


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